A indústria brasileira de alimentos e bebidas tem grande destaque na economia brasileira, processando 58% de toda a produção agropecuária do País. Representando o maior setor da indústria da transformação no Brasil, é também o maior gerador de empregos: 1,6 milhão de postos diretos de trabalho em mais de 36 mil empresas em 2020, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA).
Mesmo com as adversidades causadas recentemente pela pandemia do novo coronavírus, o setor não deixou de crescer. No primeiro semestre deste ano, o segmento registrou alta de 0,8% no faturamento e 2,7% em produção física quando comparado aos primeiros seis meses de 2019 com destaque para os setores de açúcar (22,6%) Óleos vegetais (3,9%) e Carnes (proteína animal) (1,9%). Segundo a associação, os resultados se devem à expansão das exportações e ao desempenho do varejo alimentar no mercado interno, com o aumento do consumo das famílias dentro de casa ocasionados pelos efeitos da pandemia.
Com os indicadores apresentados, há um fato pertinente a se considerar: se há o aumento da produção, há também o aumento da geração de resíduos. Posto isso, é fundamental que as empresas construam uma gestão ambiental eficiente que assegure as melhores práticas nos assuntos relacionados a seus efluentes e resíduos sólidos.
Nesse artigo, apresentamos práticas e orientações importantes para que profissionais responsáveis pela gestão dos resíduos garantam a qualidade e a segurança ambiental na destinação e tratamento final.
A geração dos resíduos nos setor e as modalidades para o devido tratamento
Algumas situações comuns no cotidiano das indústrias de alimentos e bebidas certamente geram resíduos e efluentes. A lavagem de pisos e equipamentos, a água residual do processamento dos alimentos, os restos de produção (bagaços e cascas de vegetais e frutas), produtos fora de especificação e até mesmo o lodo sólido advindo de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e Estações de Tratamento de Águas Residuárias (ETA) são alguns exemplos de resíduos que precisam ser destinados e tratados corretamente.
E para isso ocorrer de forma segura e em conformidade com a legislação, as indústrias contam com duas alternativas: a modalidade onsite e a modalidade offsite.
Tratamento de efluentes onsite
No método OnSite, a construção do sistema de tratamento é realizada in loco, com recursos específicos da própria empresa ou do parceiro contratado, que também pode se responsabilizar por todos os procedimentos relacionados a implantação, operação, manutenção, tratamento e encaminhamento adequado do efluente tratado.
- BOT (Build, Operate and Transfer)
Modalidade na qual a empresa contratada projeta, constrói e opera a estação para o aterro, que remunera a empresa pelo serviço prestado e recebe o empreendimento após o término do contrato. A contratação é baseada no longo prazo.
- AOT (Adquaire Operate and Transfer)
Modalidade na qual a empresa contratada compra a estação do aterro, realiza os investimentos necessários, opera e transfere novamente a unidade de tratamento ao cliente após o término do contrato.
- O&M (Operate and Maintenance)
Modalidade na qual a empresa contratada opera estação do aterro, fornecendo todos os insumos no processo como mão de obra, laboratório e supervisão operacional. A contratação é baseada de curto à médio prazo.
Tratamento de efluentes offsite
Já a solução de tratamento offsite consiste na terceirização do tratamento em unidades de tratamento de empresas especializadas, sendo uma alternativa indicada para as organizações que justamente não possuem espaço físico ou não planejam construir uma ETE própria. Nessa modalidade transfere-se grande parte dos riscos operacionais, trabalhistas e ambientais para o parceiro de tratamento, que ainda pode oferecer alternativas sustentáveis para a destinação dos resíduos; como a reciclagem de efluentes e a compostagem termofílica.
Através da reciclagem, os resíduos são encaminhados para reaproveitamento na compostagem em escala industrial, um processo capaz de degradar e estabilizar a matéria orgânica onde a ocorrência de temperaturas acima dos 55o C, por mais de 60 dias, garante a higienização do composto e resultam em um fertilizante de qualidade e uso seguro na agricultura.
Como garantir a qualidade e segurança com a terceirização do tratamento de efluentes na indústria de alimentos e bebidas
Além da contribuição ao meio ambiente com as alternativas de destinação sustentável, as organizações que optam pela terceirização ainda garantem uma gestão simplificada de seus resíduos. Porém o processo envolve ações conscientes tanto da empresa geradora, quanto do parceiro que irá realizar o tratamento. Abaixo o que cada agente deve levar em conta para garantir a qualidade e segurança em todas as etapas:
Pontos importantes para a empresa geradora
Quais as legislações que tratam das condições de armazenamento, tratamento e destinação dos efluentes provenientes do setor alimentício?
Além das resoluções do CONAMA e a PNRS, as indústrias alimentícias ainda contam com algumas diretrizes da ANVISA, como a RS 216/04 que trata sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação; e a RS 218/05 que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Higiênico-Sanitários para Manipulação de Alimentos e Bebidas Preparados com Vegetais.
Todas essas leis fornecem diretrizes a serem seguidas do início da geração até o descarte final dos resíduos.
Qual o tratamento mais adequado para o tipo de resíduo gerado?
O tipo de tratamento ideal é indicado de acordo com a carga poluidora e a presença de contaminantes, fatores que são verificados através de análises laboratoriais. Fizemos um artigo sobre o assunto com mais detalhes.
Leia mais:
Pontos importantes para avaliar no parceiro de tratamento
Possui reconhecimento dos órgãos ambientais e conta com todas as licenças de operação exigidas?
Se atentar se a empresa contratada conta com as autorizações necessárias da CETESB (no caso de estar instalada no estado estado de SP), do IBAMA e do INMETRO; dentre outras instituições ambientais.
A destinação final do efluente é feita corretamente, sem geração de passivos ambientais?
Mesmo com a terceirização do serviço, a empresa pode se tornar corresponsável no caso de danos ambientais que envolvam quaisquer etapas, por isso a importância de acompanhar o tratamento dos resíduos até sua destinação final.
Há algum sistema de rastreabilidade ou outra forma que comprove o recebimento do efluente?
É necessário verificar se a empresa contratada dispõe de ferramentas de monitoramento para rastrear os efluentes e garantir a segurança da carga em trânsito.
Há a emissão do CDF (Certificado de Destinação Final) que comprove o tratamento adequado do resíduo?
Esse é o documento emitido pelo parceiro que atestará a tecnologia aplicada ao tratamento e/ou destinação final garantindo que os resíduos foram descartados de forma ambientalmente adequada.
Tendo em vista que a indústria alimentícia é um dos principais ramos geradores de resíduos, é primordial que as empresas do setor realizem a gestão ambiental adequada e invistam no tratamento e na destinação correta dos resíduos, revertendo, assim, um cenário com sérios impactos ambientais. Além disso, uma empresa que preza pela consciência ambiental, ganha relevância e reputação entre seus stakeholders.
A Tera Ambiental é especializada no tratamento biológico de efluentes e compostagem de resíduos orgânicos atuando a mais de 20 anos no mercado. Sendo associada a Abisolo e Abetre, nossos processos ainda são certificados pela norma ISO 14001 e selo IBD, garantindo segurança e qualidade desde o recebimento dos efluentes até a etapa final de destinação que podem ser monitoradas através da exclusiva ferramenta SISREM.
Para saber mais sobre o correto tratamento dos efluentes e resíduos gerados pela indústria de alimentos, baixe agora o nosso material dedicado ao setor.