Atualmente, empresas, governos e consumidores têm dado mais atenção aos assuntos relacionados ao meio ambiente e, diante o cenário, falar sobre a economia circular torna-se indispensável.
O conceito surgiu como um aperfeiçoamento do sistema econômico linear, visando um novo relacionamento com os recursos naturais e a sua utilização pela sociedade. Em outras palavras, ele propõe que repensemos a forma de produzir e comercializar produtos para garantir o uso e a recuperação inteligente das matérias-primas finitas.
Aqui no Brasil, a prática ganhou força após a criação da Lei nº 12.305/10 - Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - que trata sobre como o país lida com o lixo, exigindo dos setores transparência no gerenciamento de seus resíduos. De lá para cá, muitos negócios passaram a adotar a economia circular em suas operações e, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), 88% dos empresários já avaliam esse requisito como muito importante para a indústria brasileira.
No entanto, embora o assunto tenha relevância, também há organizações que ainda possuem dúvidas a respeito de como implementá-la. Pensando nisso, neste artigo, trouxemos algumas ações que podem ajudar.
5 passos para tornar a economia circular parte do seu negócio
Quando se fala em economia circular, deve haver o entendimento de que, para torná-la realidade em um negócio, não basta apenas focar no apelo pela sustentabilidade. Esse é mesmo um dos pontos a serem levados em consideração, mas o conceito também pode - e deve - ser visto como uma oportunidade para destaque da marca no mercado, afinal, a ideia central é alinhar o crescimento com a preservação ambiental.
Empresas que vão iniciar nessa trajetória, podem começar através de 5 passos simples:
1. Definição de metas e criação de um plano de ação
A primeira etapa para iniciar a implementação da economia circular é realizar um planejamento. Isso inclui traçar metas e desenvolver um projeto que contemple os valores da empresa e como ela pode contribuir com a sustentabilidade.
Nessa etapa inicial, a empresa pode considerar rever a origem de suas matérias-primas, expandir ou implementar, caso ainda não faça, o uso de insumos reutilizáveis e recicláveis, e adotar novas formas para destinação dos resíduos líquidos e sólidos.
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2. Compartilhamento das metas com a equipe
A partir da definição dos objetivos, é preciso compartilhá-los com a equipe, bem como mostrar a importância da iniciativa. Neste sentido, cada negócio deve construir a sua narrativa, justamente porque a economia circular precisa fazer parte da cultura empresarial para dar certo.
Além disso, uma das estratégias é investir em treinamentos e capacitações. Por exemplo, enquanto o time de operações pode aprender sobre logística reversa, os colaboradores de da área de desenvolvimento podem se capacitar em extensão da vida útil de produtos e ecodesign.
3. Incentivo ao envolvimento de parceiros e investidores
Tão importante quanto implementar a economia circular internamente é identificar parceiros e investidores que, de alguma forma, possam participar do processo.
Engajar cooperativas de reciclagem, ONGs, startups, centros de pesquisa e até mesmo os consumidores, no sentido de colaborarem com a sustentabilidade, são algumas das formas de colocar esse terceiro passo em ação.
4. Avaliação das práticas que colaboram com a economia circular
Quando se está no começo da implementação da economia circular, é indicado pensar em ações menos disruptivas, para que a equipe perceba as vantagens e ganhe experiência gradativamente.
À exemplo, a organização pode considerar criar campanhas internas para reduzir a quantidade de lixo, prolongar a vida útil de produtos e materiais em uso, e pensar nos resíduos como recursos.
Posteriormente, é possível evoluir todas essas ações a nível de modelo de negócio e avaliar as condições para que isso se concretize.
5. Definição de indicadores para mensurar as práticas implementadas
Por fim, é preciso pensar em como acompanhar se a economia circular está sendo efetivamente implementada e, para isso, nada melhor do que definir indicadores de desempenho (KPIs).
Nesse quesito, monitorar a pegada de carbono, acompanhar as taxas de geração de resíduos e mensurar os materiais destinados para a logística reversa, são formas de medir a evolução da iniciativa.
Vale lembrar também que, após definir os KPIs, é importante fazer o monitoramento contínuo, de forma a avaliar os pontos positivos e o que ainda deve ser melhorado.
Conhecendo as práticas que podem colaborar com a economia circular em um negócio
Como apontado no 4º passo, é preciso que uma empresa defina as práticas que serão implementadas no negócio. Nesse sentido, é importante saber também que a economia circular pode se fazer presente de diversas formas.
As mais comuns e, relativamente, fáceis de serem adotadas, são:
Reciclagem de efluentes e resíduos
Nessa iniciativa, todo o lodo proveniente do tratamento dos efluentes é reaproveitado na compostagem, junto a resíduos sólidos orgânicos industriais e agroindustriais, resultando em um fertilizante orgânico composto rico em nutrientes e destinado para a agricultura e paisagismo.
Esse processo de transformação é uma das práticas que mais agregam à economia circular, afinal, as empresas estão indo além de simplesmente cumprir com sua responsabilidade, adotando um método de reinserção dos resíduos na cadeia produtiva e garantindo a não geração de passivos ambientais.
Logística reversa
Com a implantação da logística reversa, que consiste num conjunto de procedimentos e meios para recolher e dar encaminhamento pós-venda ou pós-consumo, as organizações passam a ter uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
A depender do setor, criar essa política é uma obrigação, como é o caso das indústrias de pneus, pilhas e baterias, produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Porém, mesmo que o negócio seja de outro segmento, essa estratégia também pode ser colocada em prática, seja desenvolvendo, fabricando ou colocando no mercado produtos adequados para a posterior reutilização ou reciclagem.
Utilização de energia renovável
A energia renovável é obtida de fontes naturais capazes de se regenerar e são conhecidas pela grande quantidade de quilowatts que geram.
Ao optar pela energia eólica, solar ou biogás, as empresas contribuem diretamente com a economia circular, além de ter um ganho superior relacionado à economia. Fontes renováveis beneficiam tanto a redução de custos, quanto a preservação ambiental, no sentido de diminuir a utilização da energia elétrica e evitar a produção de gases de efeito estufa por outros métodos que utilizam combustíveis fósseis.
Em suma, há diversas maneiras de fazer uma organização se desenvolver economicamente, ao mesmo tempo em que o meio ambiente também é priorizado.
Além de tudo que já foi citado, as organizações que adotam a economia circular também têm muito a ganhar em relação a sua imagem perante aos consumidores, e até mesmo no relacionamento com os próprios funcionários, garantindo assim um desenvolvimento favorável ao meio ambiente, à sociedade e ao próprio crescimento do negócio.