Locais com o objetivo de servir para a disposição de resíduos sólidos urbanos, os aterros sanitários são a evolução da antiga prática de aterramento, buscando acomodar resíduos urbanos no solo no menor espaço possível e causar o mínimo impacto ao meio e à saúde pública. Tais preocupações não são em vão: ainda que sejam o método sanitário mais simples para destinação final de resíduos urbanos, os aterros muitas vezes são alvos de críticas por não terem como meta a reciclagem ou tratamento dos materiais presentes no lixo, poluentes para o ecossistema e nocivos ao ser humano.
Formalmente conhecido como líquido percolado, o chorume gerado pela decomposição dos resíduos é um grande desafio para os aterros sanitários. Por ser altamente poluente, não deve ser disposto diretamente no meio ambiente por provocar a contaminação do solo, lençol freático e corpos d’água. Daí a necessidade do manejo desse efluente para que não cause danos ambientais. Mas tratar o chorume vai além de uma questão de proteção ao meio ambiente: é, ainda, uma obrigação legal, prevista pela norma NBR 8419/1992 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pela própria Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010. Essas regulamentações estabelecem as condições de construção de um aterro sanitário e as exigências de sistema de coleta, drenagem e tratamento do chorume.
O tipo mais convencional de tratamento é o biológico, por meio de lagoas anaeróbias, aeróbias e de estabilização, mas há também o tratamento por oxidação (evaporação e queima) ou tratamento químico (adição de substâncias químicas ao chorume).
Tratamento onsite ou off-site: qual é a melhor opção?
Há duas alternativas para a realização do tratamento do chorume:
Tratamento onsite
Nesse método, a construção, operação e manutenção do sistema de tratamento do chorume é realizada in loco, com recursos específicos da empresa ou da empresa contratada, que também será a responsável por todos os procedimentos relacionados a implantação, operação, manutenção, tratamento e encaminhamento adequado do efluente tratado. É dividido em três categorias:
1. BOT (Build, Operate and Transfer)
Modalidade na qual a empresa contratada projeta, constrói e opera a estação para o aterro, que remunera a empresa pelo serviço prestado e recebe o empreendimento após o término do contrato. A contratação é baseada a longo prazo.
2. O&M (Operate and Maintenance)
Modalidade na qual a empresa contratada opera estação do aterro, fornecendo todos os insumos no processo como mão de obra, laboratório e supervisão operacional. A contratação é baseada de curto à médio prazo.
3. AOT (Adquaire Operate and Transfer)
Modalidade na qual a empresa contratada compra a estação do aterro, realiza os investimentos necessários, opera e transfere novamente a unidade de tratamento ao cliente após o término do contrato.
Devido a complexidade para o tratamento do chorume e escassez de tecnologias realmente eficazes, a opção muitas vezes é descartada pela maioria dos aterros. Os altos custos na implantação, operação e manutenção do sistema, adequação às exigências legais e à necessidade da contratação e vínculo com mão de obra qualificada .
Tratamento off-site
Nessa alternativa, o aterro deixa de investir na construção, operação e manutenção do sistema de tratamento, consequentemente, não assume grande parte dos riscos operacionais, trabalhistas e ambientais com a terceirização do serviço de tratamento do efluente, deixando essa responsabilidade para especialistas e direcionando o foco na operação do aterro. O processo de recebimento, tratamento e monitoramento do chorume ficam a cargo da empresa de tratamento off-site.
A opção de tratamento off-site, com a terceirização do tratamento, tem sido a mais difundida por unir agilidade, segurança e eficiência ao cumprir requisitos legais e evitar a aplicação de grandes recursos para a opção onsite.
Tratamento biológico
O tratamento biológico do chorume, solução comumente utilizada para esse fim, é realizada de forma aeróbia ou anaeróbia. Aqui na Tera, o processo o chorume é destinado às lagoas aeradas, onde ocorre a decomposição biológica propriamente dita, que, com o nível adequado de oxigênio, permite a existência de microrganismos aeróbios que vão digerir a matéria orgânica, fazendo a decomposição do material presente no sistema.
Ao final do processo, são formados pequenos flocos, que são direcionados para a lagoa de decantação do material mais pesado. Nesta etapa, forma-se a manta de lodo ao fundo do tanque. Esse lodo é dragado, centrifugado e encaminhado para compostagem, transformando-se em adubo (ou fertilizante), rico em nutrientes e essenciais para a agricultura.
Antes de se decidir, é preciso levantar os prós e contras de ambas as instalações. Considere os argumentos apresentados neste artigo para iniciar o seu estudo e descobrir a melhor alternativa para o seu negócio.
Gostou? Veja também o artigo 4 dicas ao contratar uma empresa de tratamento de resíduos off-site e nos dê sua opinião.