Os resultados imediatos da liberação de efluentes domésticos e industriais em rios são bastante claros: águas poluídas, malcheirosas e de aparência revoltante. Também não é segredo que a contaminação das águas traz riscos à saúde das comunidades que vivem à beira de corpos d’água (rios, córregos, lagos e mares) que recebem a descarga de esgotos não tratados. O que muitas vezes é ignorado é a gravidade destes riscos e a extensão dos danos causados à vida das pessoas, que frequentemente ultrapassa o campo da saúde.
O esgoto não tratado, quando liberado em rios, é diretamente responsável pela disseminação de doenças por meio de água contaminada, as quais, muito além de trazer desconforto, apresentam um risco real de morte, sobretudo em crianças.
Os números são notáveis: segundo a ONG dedicada a estudos de preservação ambiental Trata Brasil, 88% das mortes por diarreias no mundo são ocasionadas por falta de saneamento adequado, o qual favorece a contaminação por bactérias que, aliada à falta de atendimento médico adequado, faz vítimas em comunidades carentes em todas as regiões.
Complementarmente, estudos da Unicef indicam que a segunda principal causa de mortes em crianças no mundo se deve à diarreia, o que demonstra como a falta de tratamento de esgotos pode ter graves e extensas consequências. E o pior: esta não é a única doença associada a esta questão.
O lançamento de esgoto sem tratamento em corpos d’água implica também na disseminação de graves doenças, como o cólera, hepatite A, amebíases variadas, leptospirose, entre tantas outras todas com potencial para levar o paciente a óbito, em alguns casos em poucas horas.
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A exemplo da diarreia, estas doenças têm forte possibilidade de contágio por conta da exposição irrestrita aos agentes patogênicos presentes no esgoto, juntamente com as fracas políticas públicas de conscientização e educação cívica sobre conceitos de higiene e profilaxia, alimentação deficiente e a já mencionada falta de atenção médica.
Todo este cenário leva a um agravado panorama de marginalização, baixa qualidade de vida, prejuízos ao desenvolvimento da criança e reduzida expectativa de vida. Evidentemente, nem todos os problemas são de responsabilidade das empresas e condomínios, mas é factual o impacto que o tratamento e despejo adequado de esgoto exercem sobre as comunidades e a vida das pessoas que vivem perto dos rios que o recebem, tornando imprescindível que se observem e respeitem as normas e leis regulamentadoras desta questão.