Quase a totalidade dos processos produtivos das empresas demanda o uso de água acrescido a outros elementos químicos e industriais - o que significa que há, por via de regra, a geração de efluentes. Além desse tipo de resíduo, uma outra categoria de despejo também deve ser considerada: os chamados efluentes domésticos. Provenientes de caixas de gordura e fossas sépticas, usualmente são compostos por restos de alimentos e efluentes sanitários, ou seja, os rejeitos originados dos banheiros e cozinhas de estabelecimentos corporativos e também residências.
Independente do tipo do efluente, o fato é que as consequências de um descarte inadequado em rios e lagos provoca graves desdobramentos. Quando o assunto é a falta de tratamento do esgoto, por exemplo, podemos dizer que a questão é uma das principais problemáticas relacionadas aos recursos hídricos do Brasil. A mea culpa foi feita pelo próprio governo, que admitiu a situação por meio da Agência Nacional de Águas (ANA). Tal fato se justifica, pois 40% da população ainda não tem acesso à coleta e tratamento de esgoto, o que traz problemas na saúde pública e contaminação da água consumida, que apresenta um índice de 11% de seu total com qualidade regular. Seis milhões de brasileiros sequer têm acesso a banheiros. São 3.500 piscinas olímpicas de esgoto despejadas em mares, rios e cursos d´água diariamente no país.
Se o efluente descartado ilegalmente é industrial, o quadro não é menos grave. Um reflexo claro da situação pode ser conferido nos resultados de um estudo inédito realizado pelo Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da FGV, que inclusive foi abordado neste nosso artigo. O estudo identificou um alto grau de contaminação das águas na Região Metropolitana de São Paulo por componentes extremamente poluentes como manganês, alumínio e sódio, e os efeitos desses metais pesados já estão atingindo o solo da região.
Diante de todo esse contexto, a opção pelo tratamento desses resíduos é mais que necessária, e é de responsabilidade de todo gestor cujo negócio produza resíduos. Mas você sabe quais são os meios de destinação de efluentes mais comuns? Confira a seguir:
Tratamento biológico
Efluentes líquidos industriais biodegradáveis, sanitários, chorume, líquidos oriundos de fossa séptica e caixa de gordura são tratados pelo processo biológico. Considerada uma das alternativas mais econômicas e eficientes para a degradação da matéria orgânica, nesse processo ocorre a ação de agentes biológicos como bactérias, protozoários e algas. Essa degradação pode ocorrer por meio do tratamento biológico aeróbio ou anaeróbio. Ao final, o efluente tratado retorna aos rios ou é reaproveitado como água de reúso.
Tratamento físico-químico
Em geral, o tratamento físico-químico é complementar ao biológico, e é destinado a remover poluentes que não podem ser extraídos por processos biológicos convencionais. É também indicado para reduzir a carga orgânica antes do tratamento biológico, e muito utilizado por indústrias têxteis, de celulose, papel e curtumes para a retirada de poluentes inorgânicos, materiais insolúveis, metais pesados e materiais inorgânicos biodegradáveis. O processo consiste na coagulação das impurezas, que são floculadas e decantadas até a separação do que é lodo e efluente.
Coprocessamento
Aqui, o processo consiste em incinerar os resíduos em fornos de cimento após um processo de blindagem (que envolve a mistura e homogeneização). Esses resíduos são aproveitados como potencial combustível energético e substituto da matéria-prima cimenteira.
O coprocessamento é indicado para resíduos hospitalares, radioativos, explosivos, pesticidas e domésticos diferenciados. Como desvantagens, podemos ressaltar que a opção é bastante cara, há efeitos negativos para a saúde e ainda não há normas técnicas específicas que regulamentam a técnica.
Incineração
Quando a opção de destinação dos resíduos é a incineração, os materiais são queimados a uma temperatura de 1200º durante o processo, reduzindo o volume do lixo e aproveitando a produção de calor e energia. A vantagem dessa opção é mesmo a referida redução de volume dos resíduos, benefício muito relevante para locais com pouca disponibilidade de espaço. Por outro lado, é um processo caro (exigindo altos custos para instalação, operação e manutenção das unidades) e que demanda mão de obra qualificada para assegurar o atendimento aos padrões de emissões de poluentes.
E você, entendeu as principais diferenças entre os meios de destinação e seus prós e contras? Deixe seu comentário e entre em contato conosco para tirar suas dúvidas sobre a correta destinação dos seus efluentes!