As Ceasas - Centrais de Abastecimento - comercializam para o atacado produtos da hortifruticultura, que são bastante perecíveis, perdendo com rapidez o seu valor comercial. Números do governo federal apontam que cerca de 30% de todo o desperdício de alimentos, em território brasileiro, acontece justamente pela falta de estrutura e plano de gerenciamento de resíduos orgânicos nas Ceasas. Esse montante vira lixo, encaminhado sem qualquer forma de tratamento aos aterros sanitários e lixões.
No entanto, essas sobras não necessariamente perdem seu valor agronômico, e têm propriedades que podem se transformar em novos produtos, seja na forma de fertilizante, ração animal ou energia.
Com vistas ao reaproveitamento, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) obriga os responsáveis por atividades agrosilvopastoris, que incluem os agentes das Ceasas, a elaborarem planos próprios de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS).
Os planos devem englobar medidas como:
1. Condicionamento – Os resíduos orgânicos, em geral, são gerados pela decomposição de matéria orgânica. Um modo de retardar o apodrecimento dos alimentos, e posteriormente destiná-lo para o tratamento correto, é acondicioná-los de forma apropriada – no caso da Ceasa, com instalação de câmaras frigoríficas, por exemplo;
2. Redução – Com uma melhor estrutura e plano de gerenciamento, a eficiência da gestão dos alimentos reduz a quantidade de resíduos;
3. Reutilização – Os alimentos podem ser reaproveitados. Antes de apodrecerem, os resíduos orgânicos são transformados em sucos produzidos em centrais de processamento ou transformados em ração animal;
4. Reciclagem e tratamento – O tratamento adequado permite a reciclagem dos resíduos orgânicos que, com auxílio da compostagem, produz fertilizantes agrícolas - altamente produtivos - e o biodigestor, um processo natural de decomposição da matéria orgânica para se transformar em energia elétrica.
5. Destinação final – Os resíduos orgânicos para serem tratados e reaproveitados necessitam de uma disposição final ambientalmente adequada;
Infelizmente, os resíduos orgânicos de muitas Ceasas ainda têm como destino os aterros e lixões, por isso, a elaboração da estratégia do PGRS (planos de gerenciamento de resíduos sólidos) necessita de conhecimento das alternativas e tecnologias disponíveis de gerenciamento de cada tipo de resíduo, custos ambientais e financeiros.
Melhores práticas para a gestão de resíduos orgânicos das Ceasas
Muitas Ceasas implantaram o Banco de Alimentos, abastecido por alimentos descartados na comercialização, doados por produtores e permissionários, que ainda estão em boas condições para o consumo humano. Neste Banco é feita uma triagem e selecionados os alimentos em condições de consumo e doados a entidades sociais e pessoas carentes.
Outra finalidade para os alimentos, que não podem ser aproveitados para o consumo humano, é o reaproveitamento para a produção de ração animal, que por meio da trituração das sobras de frutas, legumes e verduras, pode ser usada para alimentar suínos, aves e bovinos.
Compostagem de resíduos orgânicos
Os restos de cascas, folhagens, verduras, frutas e capim seco – resíduos impróprios ao consumo humano e animal – podem ser destinados à produção de fertilizantes agrícolas, por meio da compostagem. O resultado é um adubo orgânico rico em nutrientes, que substitui os fertilizante minerais, aumentando a produtividade do solo e reduzindo custos extras.
As Ceasas podem firmar parcerias com transportadoras e empresas especializadas no recebimento e tratamento dos seus resíduos orgânicos. Esta alternativa é ambientalmente correta e segura, além de impactar na diminuição da poluição do solo, água e do ar e na redução de aterros sanitários.
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