As leis e normas que estabelecem as regras para o tratamento adequado de efluentes e resíduos sólidos industriais, como aqueles oriundos do segmento das empresas que processam alimentos, tratam principalmente sobre procedimentos que evitam a poluição de corpos d’água, bem como do solo, de modo a contribuir com a preservação ambiental.
A Lei nº 12.305/10, que institui a PNRS (Política Nacional dos Resíduos Sólidos), implementa, organiza e monitora as metas e ações que devem ser cumpridas em todo o Brasil, levando em consideração a prevenção e redução na geração de resíduos; e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Além da PNRS, a legislação ambiental também possui outros meios de proteção de recursos naturais, estimulando a economia circular com a logística reversa e alternativas de valorização e transformação de resíduos antes indesejados em novos produtos (upcycling).
Quais são os benefícios ao meio ambiente com o tratamento de resíduos das indústrias alimentícias?
Quando não destinados corretamente, os efluentes e resíduos sólidos se tornam passivos ambientais para as empresas; e meios de contaminação e danos à natureza. Nesse cenário, o conceito de “preservação ambiental” engloba alguns aspectos que revelam a importância do tratamento adequado para o meio ambiente. Abaixo alguns deles:
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Preservação da qualidade de recursos hídricos
Além dos sólidos, algumas etapas da produção de alimentos, à exemplo a lavagem de pisos e instalações operacionais do processamento de alimentos, ou mesmo os resíduos oriundos dos processos de fabricação; também são responsáveis por gerar efluentes.
Devido a alta carga orgânica em suas composições, esses resíduos líquidos se tornam poluentes e provocam um sério desequilíbrio no ecossistema aquático se descartados diretamente nos corpos d'água. Porém, um tratamento adequado além de preservar, pode inclusive contribuir com a qualidade dos recursos hídricos.
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Reaproveitamento e o conceito Upcycling na prática
As possibilidades de reaproveitamento são alinhadas às diretrizes da PNRS e conceito Upcycling, já que os resíduos sólidos e efluentes da indústria alimentícia podem ser reutilizados em outras frentes, construindo um ciclo de valorização e transformação ambiental.
Uma prática que podemos destacar é a reciclagem de efluentes, onde o lodo resultante do tratamento biológico passa a ser reaproveitado e encaminhado para a compostagem, uma das alternativas ambientalmente mais seguras, sustentáveis e que atende à legislação.
Além do lodo, a compostagem em escala industrial também pode receber diretamente os resíduos sólidos orgânicos como bagaços, cascas de frutas e legumes provenientes do processamento de alimentos, produtos vencidos ou fora de especificação, entre outros. O resultado final é um fertilizante orgânico composto rico em nutrientes e de grande valor para a agricultura e paisagismo.
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Alternativa para diminuição da pressão em aterros sanitários
A pressão de aterros sanitários ainda é um tema recorrente quando o assunto é meio ambiente. O descarte indevido dos resíduos no solo é capaz de atingir e contaminar o lençol freático, culminando em um ciclo completo de poluição da água que se torna prejudicial aos animais e a comunidade local, já que facilita a proliferação de doenças. Mas, com a destinação correta e ainda aderindo às práticas de reaproveitamento, as empresas alimentícias contribuem para a resolução dessa questão.
As organizações também se beneficiam das ações sustentáveis
Além de estar em conformidade com a legislação, evitando multas e sanções, as iniciativas de reaproveitamento contribuem com a preservação dos recursos naturais, promovendo benefícios à sociedade, as indústrias e ao meio ambiente. Os impactos que a conservação ambiental tem em relação ao tratamento adequado dos resíduos é tão relevante que respalda também na reputação e posicionamento da empresa, criando uma cadeia de valor e um fortalecimento da imagem institucional perante seus stakeholders (clientes, parceiros, comunidade, etc).
Segundo uma pesquisa realizada pela Opinion Box, que buscou entender a preocupação dos consumidores em geral com a sustentabilidade, 55% dos entrevistados dão preferência para empresas conhecidas por cuidar do meio ambiente. Nessa perspectiva, o perfil do consumidor está cada vez mais em evidência e o público tem se atentado para as ações de consciência e preservação ambiental que as empresas realizam.
Muitas organizações já estão aderindo a projetos ambientalmente sustentáveis e que vão além das exigências legais. Um bom exemplo é a Nespresso, que tem como objetivo criar condições de valorização ambiental em toda sua cadeia. Entre suas ações, a empresa investiu no programa denominado como “Reciclagem das Cápsulas”, fazendo com que haja um engajamento com o consumidor ao ressaltar uma solução ecologicamente correta para o descarte das cápsulas de café usadas.
Dessa forma, a Nespresso consegue transformar o alumínio (100% reciclável) em novos materiais, e a borra do café em adubo orgânico. Como consequência, a empresa conquistou um resultado positivo de zero lixo em seu sistema de reciclagem desde 2014 e um total de 100% de energia renovável desde 2017.
A terceirização do tratamento de efluentes através da modalidade offsite
Para as indústrias alimentícias que não têm espaço disponível para construir uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) própria, o mais indicado é terceirizar o serviço com a contratação de uma empresa especializada que dispõe de estrutura para a realização do tratamento na modalidade offsite.
Além de atender a necessidade das organizações quanto ao encaminhamento de seus resíduos, a terceirização ainda oferece algumas vantagens como:
- Isento de investimentos (CAPEX), já que os efluentes são coletados no cliente e transportados para centrais de tratamento terceirizadas, assim não há necessidade de arcar com investimentos para construção, operação e manutenção operacional, liberando recursos para investir em sua atividade principal.
- Diminuição de riscos operacionais, trabalhistas e ambientais, pois dispensa a contratação de uma equipe para a manutenção e operação da estação de tratamento.
- Suporte para a emissão de documentações exigidas no processo, como por exemplo o CADRI, documento emitido pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) que aprova o envio de resíduos de interesse ambiental para locais de tratamento.
- Gestão simplificada já que a empresa pode direcionar sua atenção ao negócio principal, sem a necessidade de se preocupar com as questões de recebimento e monitoramento dos efluentes.
- Garantia do descarte correto com a emissão do Certificado de Destinação Final, atestando que o processo ocorreu dentro dos parâmetros ambientais estabelecidos.
Além dessas vantagens, o tratamento offsite oferecido pela Tera Ambiental ainda conta a reciclagem de efluentes, onde todo o lodo resultante do processo é reaproveitado na compostagem, junto a resíduos sólidos orgânicos industriais e agroindustriais, resultando em um fertilizante rico em nutrientes e destinado para a agricultura. Com isso, além de colaborar para a Economia Circular, garante a destinação ambientalmente mais correta e segura, evitando autuações e outras penalizações, fator importante, já que a empresa geradora possui responsabilidade solidária durante todo o processo, da geração até a transformação dos resíduos.
Enfim, a destinação dos efluentes de forma adequada proporciona diversos benefícios diretos para as indústrias alimentícias, em um cenário que inclui a redução dos impactos ambientais como prioridade, mas considerando, também, o desenvolvimento e a lucratividade do negócio.