Apesar das conquistas sociais que o Brasil experimentou na última década, ainda falta muito para avançar na questão do saneamento básico. Um levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que o país não conseguirá alcançar a universalização do sistema nos próximos 20 anos se o trabalho de implantar serviços de água e esgoto continuar no ritmo observado.
A pesquisa, chamada de Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades, inclui os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do ano base de 2012.
A conclusão aponta para uma lentidão nos investimentos no saneamento por parte das três esferas de governo — nacional, estadual e municipal. O projeto de contemplar 100% das localidades brasileiras com saneamento básico nos próximos 20 anos, portanto, já está comprometido.
Entretanto, uma melhora foi constatada, a população atendida com água tratada dos 100 maiores municípios passou de 82,7%, em 2012, para 92,2%, em 2013. Do universo de 100 municípios, 22 têm 100% de atendimento dos serviços de saneamento e 89 cidades possuem 80% de suas populações atendidas por rede de esgoto e água.
As melhores e piores cidades do país
A distância para o resto do país
Um ponto mostra a distorção entre as 100 maiores cidades e o restante do país. Do universo pesquisado pelo Trata Brasil, em média, 62,4% da população tem coleta de esgoto, enquanto que a média nacional, somados todos os municípios, é de 48,3%. O tratamento de esgoto chega a 41,3% da população do conjunto dos 100 municípios. Já a média nacional é de 38,7%.
Apenas duas capitais estão entre as melhores cidades no quesito saneamento: Belo Horizonte, com 100% de coleta de esgoto, e Curitiba (98,5%). Santos e Franca, ambas em São Paulo, foram os outros municípios a alcançarem 100%.
Na parte de baixo da tabela, quatro capitais estão entre as dez piores cidades: Teresina (PI), com 16,3% da população com saneamento, Belém (PA), 7,2%, Macapá (AP), 6%, e Porto Velho (RO), 2,2%. A pior cidade do país nesse quesito é Ananindeua, no Pará, localizada a 19 km de Belém: o município não possui rede de esgoto.
Tratamento aponta queda de capitais
O quesito tratamento de esgoto mostra piora tanto na lista das dez melhores como nas piores. Apenas uma cidade tem 100% de tratamento: Santos. E somente uma capital entra no ranking: Curitiba, com 88,3% da população atendida.
No outro lado da tabela, a situação piora consideravelmente. Seis municípios não possuem tratamento de esgoto, sendo duas capitais, Cuiabá e Porto Velho. Na lista das dez piores, está Belém, com apenas 2,2% da população atendida por tratamento.
Um dos desafios a serem enfrentados pelo país é reduzir o desperdício. O estudo do Trata Brasil identificou as cidades que mais perdem na distribuição. Das dez do ranking, cinco são capitais: Recife, que perde 59,8% na distribuição, Boa Vista (54,9%), Cuiabá (67,4%), Porto Velho (70,7%) e Macapá (69,4%).
O pior é a conclusão em relação a uma possível melhora. Segundo o estudo, 90% dos municípios apresentaram menos de 10% de melhorias na contenção do desperdício. Somente 2% resolveram mais da metade do problema (55%).
Falta investimento no setor
Um dos motivos para que o saneamento não melhore no Brasil é a falta de investimento. Para solucionar o problema, é preciso investir o que foi arrecadado com os serviços. O levantamento do Trata Brasil indica que houve pouca preocupação na questão de infraestrutura de 2011 a 2012. A maior parte, 57 cidades, investiu menos do que 20% da arrecadação. Na faixa oposta, nove municípios aplicaram mais de 80% do que arrecadaram em melhorias.
Em resumo, o quadro mostra que ainda falta muito a ser feito para melhorar o cenário do saneamento básico no Brasil, tanto em capitais como nas cidades de regiões metropolitanas e do interior.
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